Os ministros da defesa dos 10 membros da OCX (Organização de Cooperação de Xangai) reuniram-se Qingdao na China. Quase ao mesmo tempo que a NATO se reunia em Haia. Um insofismável desaire para o império e súbditos preparando a cimeira da OCX em Tianjin, com Chefes de Estado, ainda mais porque estiveram também presentes os principais membros do BRICS, Rússia, China, Índia e Irão, além do Paquistão. Pela primeira vez em cinco anos um ministro da defesa indiano visitava a China. O ministro iraniano após o cessar fogo com Israel, consultou Pequim imediatamente sendo agora confirmado que o Irão trocou o sistema GPS americano pelo Beidou da China: um movimento ousado e incisivo no xadrez da guerra tecnológica.
O ministro da Defesa do Paquistão, observou que ao contrário da NATO a OCX pode “promover a paz na região”. O Ministro da Defesa da China, enfatizou que a OCX desempenha o papel de uma “âncora estabilizadora”.
O Ocidente coletivo do caos, fragmentado não tem ideia do que seja a OCX, uma organização multilateral com 25 anos de existência, 10 estados-membros, 2 nações observadoras e 14 parceiros: quase metade da população mundial. A OCX não é uma NATO asiática e na formulação essencialmente chinesa, prefere afirmar-se como um garante de segurança.
Inicialmente concebida para lutar contra o que os chineses definem como “três males” – terrorismo, separatismo e extremismo, evoluiu para um mecanismo de cooperação económica. Sua última mesa redonda no Fórum Económico de São Petersburgo, concentrou-se nos desafios da criação de uma infraestrutura logística, financeira e energética comum.
Sergey Glazyev, entrelaçou a OCX com a União Económica Euroasiática (UEEA), debatendo qual é o papel a ser desempenhado pelo espaço pós-soviético na economia multipolar emergente. O cerne da questão em Qingdao acabou por evoluir em torno do chamado de triângulo de Primakov – uma homenagem ao ex-primeiro-ministro russo que imaginou uma potência russa autónoma pós-soviética numa nova ordem multipolar.
O ministro da Defesa da Rússia, Belousov, disse que os ataques dos EUA e de Israel ao Irão violam a Carta da ONU e o direito internacional; enfatizou que “o papel das instituições internacionais criadas para garantir a estabilidade global caiu a um nível inaceitável” e que as “ideologias terroristas” e o “trânsito de militantes” continuam a espalhar-se da Ásia Ocidental para o Afeganistão. Em relação à Ucrânia, foi bastante previsível: a Rússia está avançando constantemente e Kiev recorre a “táticas de terror” enquanto contempla a sua desgraça.
O ministro da Defesa, da Índia, pediu a Belousov atualizações urgentes para o Su-30MKI e uma entrega muito mais rápida dos restantes S-400. Esses equipamentos fazem parte de uma compra de 5,43 mil milhões de dólares.
Imediatamente após o “cessar-fogo” entre Israel e Irão de Trump, Teerão procurou Pequim para examinar as opções de compra de um lote de pelo menos 40 caças chineses J-10CE. Fontes diplomáticas confirmam que o Irã já possui Su-35s. Não se sabe ao certo quantos. A Rússia está pronta para vender até dois esquadrões, um total de 24 jatos. O consenso em Moscovo é que o Irão aumentará as compras de caças russos e chineses de primeira linha. E, certamente, de defesa aérea, como os S-400 russos.
Embora o Irão queira esses caças, precisa acima de tudo, ajustar seu aparelho interno de contra insurgência e agentes estrangeiros. Uma quantidade substancial da punição sofrida pelo Irão veio de sabotadores internos que lançaram drones, colocaram bombas e procuraram personalidades de alto valor para serem assassinadas.
Compare-se com o que aconteceu em Haia. Essencialmente, depois de ser chantageada pelo SG da NATO, “Hello Daddy” Rutte, a UE decidiu alocar incríveis 650 mil milhões de euros de fundos que não tem para comprar armas dos EUA para declarar guerra à Rússia e, posteriormente, à China. (!)
Isso nos leva ao teatro de máscaras dos 5%. Para cada membro da NATO gastar 5% com uma dívida combinada ultrapassando 80% do PIB, têm que quase triplicar os 325 bilhões de euros que gastaram em armas em 2024, atingindo quase um milhão de milhões de euros.
Os cidadãos da UE com cérebro podem fazer contas: Haverá uma orgia ininterrupta de “corte de custos”, aumento de impostos e desaparecimento de benefícios sociais para financiar o armamento. Roubar 300 mil milhões de euros de ativos russos não ajudará, porque não cobrirá nem mesmo o aumento de um ano.
Todos os ministros da OCX sabem que a NATO está em guerra com a Rússia, que possui 13 000 mísseis e poderá produzir até 300 Oreshniks hipersônicos por ano mais do que o suficiente para paralisar todos os portos e aeroportos da Europa.
Para Putin o que mais importa é a geoeconomia. No fórum da UEEA em Minsk, destacou os acordos preferenciais da EAEU com o Vietname, Singapura e Sérvia, além de um acordo iminente com os EAU: “As relações mutuamente benéficas com países da Eurásia, África e América Latina estão avançando ativamente”. Além da cooperação adicional com os BRICS, a Comunidade de Estados Independentes (CEI), a ASEAN, a União Africana e a OCX.
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