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4 de julho de 2025

Vitórias e derrotas do sionismo - 2

 O sionismo tem averbado duras derrotas no campo da narrativa mediática, da economia e militar. A primeira a referir é a derrota do lóbi pró-Israel que classifica ou condena como "anti-semita" (os verdadeiros semitas são os palestinos, não gente que veio da Europa ou da América...) apenas por criticar Israel ou o seu governo.

Um tribunal federal em Sydney, Austrália, decidiu contra a Australian Broadcasting Corporation (ABC) por demitir uma apresentadora que compartilhou uma postagem do Human Rights Watch acusando Israel de usar a fome como arma em Gaza. Uma alegada vaga de reclamações proveio de uma campanha coordenada por grupos do lóbi pró-Israel via WhatsApp, visando a demissão de Lattouf. O juiz considerou que a ABC violou o Fair Work Act ao encerrar o emprego de Lattouf porque "ela tinha opiniões políticas que se opunham à campanha militar israelita em Gaza". O sindicato de jornalistas australianos apoiou Lattouf, questionando a independência da emissora nacional.

O que poderia acontecer em Portugal (incluindo da parte do sindicato dos jornalistas) ou qualquer país da UE/NATO em situação idêntica? Por exemplo, Jonathan Cook fala-nos da cumplicidade da BBC no genocídioA agenda sionista vai-se desmascarando dentro do próprio Israel. O jornal Haaretz publicou um artigo sobre Gaza intitulado: "É um campo de matança

Soldados das FDI ordenados a atirar deliberadamente em moradores desarmados de Gaza que aguardavam ajuda humanitária", "oficiais e soldados disseram ter recebido ordens de atirar em multidões desarmadas perto de locais de distribuição de alimentos em Gaza, mesmo quando nenhuma ameaça existia. Centenas de palestinos foram mortos."

Um soldado atestou que civis que buscam ajuda são "tratados como uma força hostil, sendo aplicado fogo real com metralhadoras pesadas, granadas, morteiros". Mas não há perigo para as forças", "não tenho conhecimento de um único caso de fogo de retorno.Outro soldado descreve ter sido instruído a disparar artilharia contra uma multidão para mantê-los à distância. Citação após citação soldados descrevem atrocidades cometidas por ordens recebidas e que sabem estar erradas. 

Diz Caitlin Johnstone, perante isto o governo alega que o jornal israelita citando soldados israelitas é antissemita! Quanto mais exposta a criminalidade de Israel se torna, mais absurdos ficam os seus argumentos. Por outro lado o Canal 12 israelita confessa o fracasso Gaza: o que fizemos não alcançou resultados. Devemos fazer algo diferente a nível militar ou procurar acabar com a guerra com um acordo.

Em Nova York, a eleição de Zohran Mamdani como candidato do partido Democrata a presidente da cidade é outra derrota do sionismo. Trata-se de um político muçulmano repetidamente difamado como antissemita, por se recusar a deixar de dar um forte apoio aos palestinos e retratar-se de qualificar a guerra contra Gaza como genocídio. Os sionistas e congressistas fanáticos acusaram-no de "socialista radical", marxismo, antissemitismo, anticapitalista. Note-se que se trata da cidade com a maior população de judeus depois de Telavive, que não se importa mais com os tabus impostos contra as críticas a Israel. As difamações infundadas do antissemitismo estão perdendo efeito e a imagem do exército israelita todo-poderoso está manchada.

O jornal israelita Yedioth Ahronoth, admite que as FDI foram enfraquecidas na Faixa de Gaza e atualmente estão na defesa e não no ataque. A resistência palestina está retomando o ímpeto e muitas brigadas foram retiradas de Gaza devido aos ataques do Irão.

Na "guerra dos 12 dias", entre Israel (com os EUA) e o Irão, se é discutível dizer quem venceu, não sofre dúvidas que Israel perdeu. Israel esgotou seriamente suas defesas aéreas, tomou duro conhecimento com os drones e mísseis iranianos capazes de ultrapassar o "Domo de Ferro", como o Sejjil-2 que com um alcance de 2.000–2.500 km, pode atingir qualquer ponto em Israel a partir do interior do Irão, e sofreu os piores danos de sempre em confrontos.

Israel desejava há três décadas uma agressão contra o Irão, permitindo-lhe destruir o programa de enriquecimento nuclear, derrubar regime iraniano substituído por um regime fantoche liderado pelos EUA e Israel, estendendo o seu domínio regional. Em vez disso, Israel apesar do envolvimento dos EUA, teve que interromper a operação. O programa nuclear meramente civil foi atrasado apenas alguns meses, o regime iraniano nunca esteve tão seguro, as redes da Mossad foram desarticuladas: segundo o Irão 700 pessoas foram presas por espionagem para Israel e apreendidos cerca de 10.000 drones.

O fracasso em atingir os seus objetivos e os danos que sofreu representam uma derrota militar humilhante do sionismo. Uma derrota que se reflete desastrosamente no campo económico. Israel e portanto os EUA enfrentam um custo de 11,5 a 17,8 mil milhões de dólares e a fuga de cérebros. Ou seja: falta de dinheiro, talento e credibilidade global. Israel teve 5 mil milhões de dólares em despesas militares na primeira semana, 725 milhões por dia no pico do conflito; 132 milhões por dia em defesa antimísseis, porém mais de 400 ogivas iranianas passaram; 1470 milhões de dólares em propriedades civis destruídas; 30 arranha-céus destruídos no distrito financeiro de Telavive; Instituto Weizmann em ruínas 500 milhões de dólares perdidos, 45 laboratórios destruídos. As fábricas de Kiryat Gat da Intel ficaram inoperacionais, sufocando 64% das exportações de Israel; 300000 reservistas retirados de empregos. Mais de 80000 israelitas fugiram em 2024. Netanyahu proibiu cidadãos com dupla nacionalidade de sair para impedir a fuga de cérebros. O governo cortou 200 milhões de dólares em hospitais e escolas.

Quanto aos EUA usaram 15-20% de seu estoque global de intercetores THAAD, defendendo Israel de mísseis iranianos. (Military Watch Magazine). O custo de cada lançamento é estimado em 12 a 15 milhões de dólares, as operações de defesa aérea custaram cerca de 810 milhões a 1215 milhões.



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