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29 de julho de 2025

As sanções dos EUA à UE

Trata-se do dito "acordo comercial" que formaliza a UE como um satélite económico dos EUA. Se se disser que a UE com a sua deriva federalista é uma construção de Washington e ao seu serviço, começando por ser uma "NATO económica" - agora também em deriva militar - não é novidade nenhuma.

Os EUA aplicam uma tarifa de 15% sobre todos os produtos da UE, a taxa de 50% aplicada globalmente sobre aço e alumínio permanece em vigor. A maioria dos produtos dos EUA não estarão sujeitos a tarifas, incluindo aeronaves e peças de aeronaves, certos produtos químicos e agrícolas. Um acordo separado de semicondutores será anunciado brevemente.

Sob este acordo, a UE compromete-se a comprar 750 mil milhões de dólares em GNL e petróleo dos EUA em três anos, mais do que os EUA podem exportar atualmente. Estão previstos 600 mil milhões em investimentos da UE nos EUA, prosseguindo a deslocalização de empresas, inclusivamente industriais, para os EUA que oferecem energia barata, menos regulamentações, incluindo as "verdes", e um mercado protegido. Os "atlantistas" felizes por prescindirem da energia russa barata e fiável... acorrentam-se a importações dos EUA mais caras e de logística exigente. Porém, para obter aqueles montantes a UE terá que superar preços de outros compradores, isto é, pagará mais. Portanto, os EUA obtêm crescimento e revitalização industrial.

 A UE fica com estagnação e uma dependência transatlântica que só vai aumentar. Para a UE, uma tarifa geral de 15% é muito pior do que as autoridades da UE esperavam anteriormente. Mas para os políticos e burocratas da UE, preservar o apoio de Washington é a sua forma de sobrevivência política e liderança. O resto que se dane...

Trump protesta pela lacuna no comércio de mercadorias entre os EUA e a UE. Em 2024, o déficit comercial de bens entre os EUA e a UE  foi de 236 mil milhões de dólares. Uma injustiça diz Trump, mandando para o lixo todas as apregoadas vantagens do comércio livre liberal!
Porém, os EUA têm um considerável excedente no comércio de serviços como consultoria finança, turismo, entretenimento, donde entre os EUA e a UE o déficit comercial de bens e serviços é inferior a 100 mil milhões. As importações líquidas de serviços dos EUA pela UE e os seus pagamentos líquidos de royalties por propriedade intelectual praticamente equilibram as suas exportações líquidas de mercadorias.
Este acordo expõe a incompetência e a irrelevância da CE, cuja opinião dos países pouco conta nestes casos de subserviência ao império de Washington. Mas expõe também como uma psicótica russofobia impede os promovidos (pela oligarquia e media) a líderes de terem noção das realidades. O chanceler Merz, saudou o acordo por "evitar uma escalada desnecessária das relações comerciais transatlânticas" e sente-se contente porque as tarifas dos EUA para a indústria automobilística alemã foram reduzidas de 27,5% para 15%
Mais que uma fraqueza europeia este "acordo" expõe a vassalagem europeia, caindo com a sua russofobia no dilema de obedecer a Washington ou desintegrar-se. Cair em dilemas é cair numa armadilha, algo que alguém com capacidade de gestão nunca se deixa cair, porque gerir é também prever. O "acordo", removendo tarifas sobre produtos dos EUA, deixa os mercados da UE mais vulneráveis. Torna a perda de competitividade sistémica, impondo custos mais elevados por dependerem da energia mais cara. Desvia investimentos para os Estados Unidos.
Mas a UE tinha uma arma que nem sequer mostrou: aplicar tarifas sobre filmes e serviços digitais (Microsoft, Google, Amazon, etc.)

A UE está na posição que escolheu e no dilema em que se deixou cair. A forma subalterna -quase desprezo - com que como são tratados em termos diplomáticos é evidente. A visita da Leyen, do Costa e acompanhantes à China mostrou exatamente isso. Foram metidos num autocarro de transbordo em vez de uma cerimónia de boas-vindas e levados para a reunião dita cimeira, prevista para dois dias, durou apenas um dia. A China acha que não tem de tratar de forma diferente um bando de burocratas que falam muito, mas fazem pouco. Para comparação, veja-se como a China recebeu Lavrov, e Belousov.


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