Supostamente existem cerca de 12 000 soldados norte-coreanos na região de Kursk. Esta narrativa tem origem na Fundação Rand, que se especializou em estratégias falhadas contra os adversários dos EUA. A Rand propôs uma campanha mediática sobre soldados norte-coreanos na Rússia, Os serviços de inteligência militar da Ucrânia liderados por Budanov, ex-estagiário da CIA, começou então a espalhar rumores de que soldados norte-coreanos estariam a lutar ao lado dos russos. Os serviços sul-coreanos, também associados à CIA e os media aderiram à campanha. Toda a história é, portanto, baseada apenas em rumores de "inteligência" seguindo o cenário proposto pela RAND.
As falsas notícias parecem ser o mais forte recurso dos belicistas. Já vimos a transferência de mísseis iranianos para a Rússia que nunca aconteceu. Pura "operação de desinformação", usando declarações falsas de "funcionários" anónimos. O ministro da Defesa ucraniano, Umerov, confirmou que "combates em pequena escala" já haviam ocorrido na região de Kursk entre as Forças Armadas da Ucrânia e soldados norte-coreanos, e que os coreanos haviam sofrido perdas.
Segundo Umerov, a Rússia disfarçou os coreanos de buriatas, um grupo étnico mongol do sudeste da Sibéria que tem uma aparência asiática e não são imediatamente distinguíveis dos habitantes da Coreia do Norte. Existem vários na linha de frente na Ucrânia. Assim que um soldado buriata da Rússia for encontrado morto, os militares ucranianos o apresentarão como um soldado norte-coreano disfarçado. (1)
Quer haja ou não militares norte-coreanos na Rússia, os efetivos apontados nada alteram o esforço de guerra russo. Importante é o que escondem os media: o desenvolvimento das relações entre a Rússia e a RPDC, que estão num alto nível estratégico, segundo Lavrov.
Em junho, Putin e Kim formalizaram um Tratado de Parceria Estratégica Abrangente, no qual é estipulado que “se uma das partes se encontrar em guerra devido a um ataque armado de um ou mais países, a outra parte fornecerá imediatamente assistência militar por todos os meios à sua disposição”. Até agora, apenas a Bielorrússia e outras repúblicas ex-soviéticas, tinham tratados semelhantes, além de acordos deste tipo, cujos contornos não foram totalmente divulgados, com a China e em princípio com o Irão.
Mas o Tratado vai muito mais além da cooperação militar, visa aumentar o comércio e a colaboração tecnológica, o que inclui "pesquisa conjunta nos campos espacial, biológico, energia nuclear pacífica, inteligência artificial e tecnologia da informação".
O volume de negócios aumentou 54% nos primeiros cinco meses de 2024. As exportações da Rússia para a RPDC incluem produtos agrícolas, combustíveis minerais, produtos produtos farmacêuticos, etc. A Rússia importa produtos químicos, máquinas, metais e têxteis. Entre os projetos está a exploração geológica e recursos de hidrocarbonetos offshore e a construção de uma ponte rodoviária sobre o Rio Tumen, melhorando as ligações entre os países. Foi estabelecida uma Comissão Intergovernamental para Cooperação Comercial, Económica, Científica e Técnica. A cooperação estende-se às infraestruturas de transporte e comunicação, educação, saúde, desportos, cultura e turismo mútuo, intercâmbios culturais. (Geopolítica ao vivo – Telegram 29/10)Com este Tratado a RPDC formalmente não é mais um país isolado (já não o era efetivamente) e como país de fronteira com a Rússia está na sua zona de segurança estratégica dispondo de assistência da Rússia no caso de um conflito militar na Península Coreana.
Nervoso, o novo secretário-geral da NATO, Mark Rutte, para se fazer ouvir, tratou de pegar nas lucubrações da Rand, e declarar que a parceria da Rússia com a Coreia do Norte é "uma ameaça não apenas para a parte europeia da NATO, mas também para os Estados Unidos". (Intel Slava Z – Telegrama 07/11)
O Tratado anula a intenção de liquidarem a RPDC estrangulando-a economicamente e coloca em cheque uma ação militar. Bem vistas as coisas é mais uma derrota do império, que deveria pensar no que pretende efetivamente, além de lançar o caos no mundo.
A RPDC não é uma ameaça. Não têm ambições territoriais. A sua prioridade é a sobrevivência e a independência, isso sempre impulsionou o programa militar, designadamente, nuclear norte-coreano. Há alguns anos a Rússia e a China ofereceram uma solução negociada para a crise na península coreana. A Coreia do Norte pararia os seus testes de mísseis nucleares e balísticos, em troca, os EUA e a Coreia do Sul interromperiam os seus exercícios conjuntos e as sanções seriam revistas. No entanto, os EUA rejeitaram a proposta.
É mais um caso em que os EUA - seguidos pelos vassalos - recusam tratados de paz e segurança, para depois acusarem os mesmos países de ameaças...
1 - Fonte - Ucrânia. Soldados norte-coreanos 'disfarçados de buriates' | O Saker de língua francesa
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