Três textos a ler
1) "O histerismo do Orelhas acolitado pela voz cava de
MarCIA , que a toda a força querem que o Putin tenha saído fragilizado é simplesmente ridículo. Para a RTP este "ainda" se mantém no poder- blá, blá , blá -por que tem o apoio do
exército e dos serviços secretos...
Mas não é
verdade que estudos de opinião russos e ocidentais lhe atribuem um apoio
da população superior ao de qualquer dirigente do G7?
E não é verdade que todos os partidos com assento na Duma o apoiaram no caso Wagner?
Criaram uma narrativa e agora querem à força da repetição e do histerismo que a realidade se encaixe na sua narrativa e o Orelhas grita e gesticula...
Jornalismo de sarjeta." Simplício Facebook
2 ) Maj General Raul Lino.
Para os meus amigos e também para aqueles que acompanham
os meus escritos, apresento algumas conclusões (vistas, copiadas e
adaptadas de um canal do telegram) sobre toda a situação à volta do
motim do Prigozhin. De facto e apesar de tudo o que de mau resultou,
sobretudo no âmbito externo, alguns resultados positivos ocorreram.
Esses são os seguintes:
1-
Ninguém, mesmo ninguém, alinhou com Prigozhin. Nenhum político, nenhum
militar, nenhum polícia, nenhum governador. Na realidade, nenhum dos
oficiais da Wagner parece ter-se juntado à curta aventura de Prigozhin.
Isso demonstrou, penso eu, uma unidade sem precedentes na Rússia. Não
consigo verificar um qualquer momento na história da Rússia em que esta
estivesse tão unida e em que tantos apoiassem sem tibiezas um único
homem.
2- Principalmente
por causa do acima exposto, esta rebelião foi esmagada de uma forma
incrivelmente rápida. Ao meio-dia, ficou claro para todos que o "granel"
tinha acabado, inclusive para Prigozhin. Ele não começou a conversar
com Alexander Lukashenko porque “não queria derramamento de sangue”.
Começou essa conversa porque sabia que tudo estava terminado para ele.
Na realidade, a rebelião durou só cerca de 15 horas. E isso, por sua
vez, evidencia a incrível força de Vladimir Putin.
3-
O Ministério da Defesa conseguiu finalmente o que queria já há algum
tempo, livrar-se de Prigozhin, que era uma carta fora do baralho e uma
fonte de problemas. Além disso, não há evidências até ao momento que
Gerasimov ou Shoigu serão demitidos. Por outro lado, Prigozhin será
enviado na prática para um exílio e até deverá estar grato por esse
facto.
4- Cerca de 25.000
combatentes da Wagner serão incorporados no exército russo - não haverá
mais PMCs à solta, não haverá mais “pretorianos” e não haverá mais
divisão ou uma competição doentia dentro das forças armadas.
5- Ficou claro para todos, incluindo para os líderes da OTAN, que Putin está firmemente no comando.
6-
Resultou óbvio que estavam erradas as suposições de Prigozhin sobre um
sistema militar e político incompetente, sobre a existência de divisões
internas e sobre a fragilidade do estado da Rússia.
7- Acho que as lições foram aprendidas e que não serão repetidas. Facebook.
3) Maj General Carlos Branco
LINHAS VERMELHAS” - por Carlos Branco, Major-General e Investigador do IPRI-NOVA
Tem
sido recorrente alguns comentadores, não apenas em Portugal, criticarem
a timidez e as hesitações dos decisores europeus quanto ao apoio
militar a prestar à Ucrânia, sobretudo no que toca ao fornecimento de
armamento que os ucranianos possam utilizar para atacar território
russo, algo considerado pelo Kremlin uma linha vermelha.
Argumentam
tratar-se de um receio infundado. Afinal as ameaças de retaliação de
Moscovo não passam de conversa fiada. Para eles, sem responsabilidades
governativas, não existem problemas em fornecer equipamentos que possam
atingir a Rússia na sua profundidade estratégica. Afinal, as ameaças do
Kremlin não são para levar a sério.
Como estão
aparentemente esquecidos, convém fazer um breve repasso histórico para
lhes avivar a memória sobre como o Kremlin tem respondido a quem se
esquece das suas linhas vermelhas. Podemos começar pelo convite feito
pela NATO à Ucrânia e à Geórgia, na cimeira de Bucareste, em abril de
2008, e à tentativa de Shakhasvilli colocar a Abkhazia e a Ossétia do
Sul sob o controlo de Tbilisi. O resultado foi uma guerra na Geórgia,
que Washington procura agora reativar, para abrir uma segunda frente no
confronto militar com a Rússia, recorrendo mais uma vez a uma guerra por
procuração.
Em 2014, os EUA voltaram a pisar uma
linha vermelha ao financiar e promover um golpe de estado para instalar
em Kiev um regime hostil a Moscovo. A resposta russa foi a invasão da
Crimeia. Não satisfeitos com isso, armaram e treinaram as forças
ucranianas para, numa primeira fase, subjugarem os rebeldes do Donbass, e
numa segunda, expulsarem as forças russas da Crimeia.
Quando
em fevereiro de 2022 o Exército ucraniano se preparava para atacar o
Donbass, Moscovo antecipou-se e invadiu a Ucrânia transportando-nos para
uma guerra que dura há quase um ano e meio. A tentativa de Kiev
subjugar a população ucraniana russa pela força era outra linha
vermelha, para além de no futuro tornar a Crimeia vulnerável. Já durante
a guerra, a tentativa de Kiev isolar a Crimeia da Rússia através da
destruição da ponte de Kerch, provocou uma campanha aérea sem
precedentes, que causou a destruição generalizada de infraestruturas
energéticas ucranianas. Apesar destas respostas, os comentadores
continuaram a ver falta de coragem em Moscovo não havendo, por isso,
razões para não se continuar a aumentar a escalada.
Entretanto,
a Rússia colocou armas nucleares táticas na Bielorrússia.
Provavelmente, não terão ainda percebido que esse passo tem a ver com a
possibilidade de a Polónia vir a pisar mais uma linha vermelha e invadir
a Bielorrússia. Varsóvia está cada vez mais autónoma, e a alavancagem
de Washington sobre os polacos é cada vez menor.
Sem
perceberem que a adesão da Ucrânia à NATO é uma linha vermelha para
Moscovo, que explica a atual guerra e justificará outras de natureza
existencial, os deputados no Parlamento Europeu aprovaram uma resolução,
por uma larga maioria, apelando à NATO para convidar a Ucrânia a aderir
à Aliança.
Mais recentemente, o ministro da defesa
russo veio avisar que se a Ucrânia atingir território russo com misseis
americanos e ingleses de longo alcance isso os arrastaria para o
conflito e os centros de decisão na Ucrânia seriam atacados.
Provavelmente não será aconselhável voltar a testar Putin em matéria de
linhas vermelhas.
“O Jornal Económico”, 23 de Junho de 2023
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