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22 de junho de 2023

A manipulação da opinião pública mais descabelada

 Os noticiários televisivos noticiaram com sublinhado que a Robertinha  Metsola tinha desafiado a deputada do PCP a dizer em Kiev o que tinha dito na Assembleia da Republica, mas nunca informaram o que é que esta disse

" (...)Mas passando à substância, o que disse afinal a deputada Paula Santos?~

Cito:

A escalada armamentista só traz mais destruição e sofrimento e prolonga e intensifica a guerra. É preciso parar de instigar e alimentar a guerra na Ucrânia, abrir vias de negociação com todos os intervenientes, que permita alcançar uma solução política para o conflito, a resposta aos problemas de segurança coletiva e do desarmamento na Europa, o cumprimento dos princípios da Carta da ONU e da Ata Final da Conferência de Helsínquia.”

Ao contestar esta afirmação, o que nos diz a senhora Metsola é que pretende mais destruição e sofrimento, o prolongamento e a intensificação da guerra. Pretende continuar a instigar e alimentar a guerra da Ucrânia em vez de abrir vias de negociação com todos os intervenientes. Recusa uma solução política para o conflito (mesmo sabendo que não pode haver outra) e que o que menos a preocupa é a segurança e o desarmamento na Europa.

Note-se que a solução defendida pelo PCP não está distante do que defendem as diplomacias de quase todos os países do mundo. As únicas exceções são os beneficiários da guerra (os EUA), a União Europeia (apesar de divisões cada vez mais evidentes), os demais países da NATO (e nem todos), e pouco mais.

De todos os continentes, da Ásia, de África ou da América Latina, surgem apelos e iniciativas de paz que recusam a visão maniqueísta que o autoproclamado “mundo ocidental” procura impor a propósito da guerra na Ucrânia. Posições como a da China, da Índia, do Brasil ou da África do Sul não significam o apoio a uma guerra em que, aliás, se recusam a participar. Significam o reconhecimento de que o caminho para que a NATO, a UE e Zelensky continuam a empurrar o povo ucraniano, recusando trabalhar para uma solução política que dê garantias de segurança a todas as partes envolvidas, é o caminho para o aprofundamento de um desastre que, desgraçadamente, se acentua a cada dia que passa.

Sucede, entretanto, que o discurso da senhora Metsola perante o Parlamento português foi feito numa semana em que centenas de imigrantes perderam a vida em mais um naufrágio no Mediterrâneo, onde milhares de homens, mulheres e crianças morrem por falta de auxílio das autoridades da União Europeia. Já que senhora Metsola gosta tanto de desafios, não quererá ir a um dos países de onde estes imigrantes são originários, por exemplo à Líbia, explicar as responsabilidades da União Europeia na destruição daquele país? Pode ser que eles compreendam." António Filipe no Expresso

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