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14 de junho de 2023

O Partido Socialista e o Banderista Sadokha

Dois textos nas redes Sociaias

1 Do facebook do General Raul Luís Cunha

" O partido socialista caminha a passos largos para a sua transformação num partido de nazis - para já, passou a obedecer às ordens do conhecido nazi banderista e agitador Sadokha, chegando agora ao cúmulo de, ao serviço desse criminoso, vir apresentar um projecto de voto de condenação na AR pelo "ataque da Rússia" (???) à barragem de Khakovka, quando é por demais sabido que foi a Ucrânia a fazê-lo... senão, porque razão ela própria e o Ocidente impedem que haja uma investigação por uma entidade neutral?

Os deputados do PS proponentes desse voto e mais os apoiantes de nazis como Santos Silva, Alvaro Beleza, Ana Gomes, Galambas, etc. etc. não deveríam ter lugar num partido e num parlamento que se diz de valores democráticos e patrióticos. Ao pretenderem, através das suas ações, lançar o nosso País numa guerra catastrófica, estão a atraiçoar o nosso Povo numa abjecta submissão a interesses estranhos e inconfessáveis, sabe-se lá a troco de quê...!

2 Berlusconi e as Noticias
Não se pode desdramatizar aquilo que é grave e passar o pano nestas figuras. É irresponsável»

É curioso ler as notícias e artigos de opinião sobre a morte de Silvio Berlusconi. Nota-se uma caracterização do ex-primeiro-ministro de Itália que lhe dá uma aura que os portugueses adoram: “bigger than life.”
Neste “bigger than life” cabe tudo. Apontam-se os defeitos e falhas de Berlusconi, mas no fim salva-se a sua alma com o lado superlativo que o fez conquistar os italianos e parece que também alguns portugueses. É sabido que esteve envolvido em escândalos sexuais com menores, processos judiciais de suborno, incitação à prostituição de menores, abuso de poder e fraude fiscal (é verdade que apenas foi condenado num processo por evasão fiscal) e que foi o grande precursor do populismo. Talvez o primeiro a perceber, e a pôr em ação esse conhecimento, que ter dinheiro, ser uma celebridade e dominar órgãos de comunicação social significa reunir condições para chegar ao poder. Assim fez. Antes disso, passou pelo futebol e fez história. Esta passagem é uma parte importante do seu percurso. O futebol serviu como rampa de lançamento e de notoriedade. Sabemos bem que, também por cá, há quem tente reolicar a fórmula.
Berlusconi foi para a política para não ser preso, é o que se diz. Certo é que, na sua governação, foram aprovadas leis que o beneficiavam diretamente e que foram decisivas para a resolução de processos judiciais que corriam contra si. Isto é objetivo. Foram leis à sua medida. Certo é também que deixou a economia italiana mergulhada no caos e a dívida pública descontrolada. Foi nesse contexto que saiu da vida política em 2011.
O seu maior legado é ter mostrado a outros como funciona o populismo. Berlusconi sabia falar com o povo, ou seja, sabia como enganá-lo e conquistá-lo. As suas preocupações com o interesse público ou com o bem comum eram inexistentes, mas apresentava-se empático e como modelo que qualquer um poderia seguir: um homem que sozinho conseguiu tudo. Um animador de cruzeiros que conquistou o mundo. Um homem que tinha as mesmas falhas que os outros homens. Até hoje, ninguém ainda percebeu como se desmonta isto. Berlusconi deixou-nos uma espécie de enigma indecifrável. Trump seguiu o seu exemplo e em Portugal há o Ventura. É sabido que são fraudes políticas e líderes de forças anti-democráticas, mas saber disso não adianta nada. Como Berlusconi, enganam os eleitores e essa é a forma que usam de fazer política.
O populismo de Berlusconi era exímio, como exímios são quase todos. Funciona. Traça-se um objetivo e faz-se tudo para o alcançar. Não existem escrúpulos a empatar. Fez-se uma escola política. Será que deveríamos estar agradecidos a Silvio Berlusconi por isto?
Pelos vistos sim. É que olhando para a comunicação social vemos verdadeiras odes elogiosas a Berlusconi. Traçam o seu perfil como sendo um homem irresistível. Atira-se com a lista dos defeitos, mas fazendo dessa lista um dos ingredientes do seu charme, como se estivéssemos a assistir a uma série sobre bandidos. Podemos apaixonar-nos por Tony Soprano, mas reparem que não é bem a mesma coisa.
“A política sem risco é uma chatice, mas sem ética é uma vergonha”, dizia Francisco Sá Carneiro. Mas com isso todos podem bem. Vergonha agora é tudo e deixou de ter qualquer valor. O problema é que a política sem ética é perigosíssima e pode acabar com a vida democrática antes de nos darmos conta de que já é tarde demais. Está a acontecer.
Embrulhar Berlusconi neste manto de homem interessante e sedutor é inaceitável e é isso que vários políticos, comentadores e órgãos de comunicação social estão a fazer. Não tenho quaisquer sentimentos pessoais relativamente a Berlusconi e sempre o vi de longe, ou seja, contemplei-o sem grandes emoções. Não se trata aqui de qualquer rancor pelo seu péssimo contributo político. É simplesmente reconhecer a gravidade de catalogar e compor uma memória de Silvio Berlusconi dessa maneira romantizada.
Não se pode desdramatizar aquilo que é grave e passar o pano nestas figuras. É irresponsável. Um título, neste jornal, dizia que Berlusconi era um vendedor de sonhos que encantou Itália. Claro que poderíamos dizer o mesmo de Trump e até de Ventura, mas será que devemos? Lamento, mas isto não ajuda à promoção dos valores democráticos e não fornece os recursos que as pessoas precisam para formar juízos críticos. Falei do PÚBLICO porque é o meu jornal, mas vi pior noutras publicações.
E recordo aqui Adília Lopes: “Bigger than life / Nada é maior do que a vida.” Berlusconi morreu. Claro que não era maior do que a vida e nem sequer era grande coisa.

(A autora é colunista do PÚBLICO e escreve segundo o novo acordo ortográfico)

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