Brasil 247
Lula fez um discurso de estadista na abertura da Assembleia-Geral da ONU. E não de um estadista qualquer.
Lula fez um discurso histórico de líder global. De uma liderança que está em sintonia com a maioria dos países do mundo.
Lula falou das desigualdades, da pobreza, da fome, das mudanças climáticas, da democracia, do racismo, da igualdade de gênero, da reforma do Conselho de Segurança e de outras instituições etc. Cobrou a ajuda prometida pelos países mais ricos aos países mais pobres para o desenvolvimento sustentável. Criticou o protecionismo comercial dos países desenvolvidos e a atual paralisia da OMC.
Teve a coragem de criticar a prisão Julian Assange e o neoliberalismo, sistema econômico que tende a acentuar as desigualdades e a suscitar o surgimento do chamado “populismo de direita”. Destacou, assim, que o neoliberalismo tende a enfraquecer as democracias.
Sobretudo, Lula falou da necessidade de se buscar a paz.
Afirmou ele:
"Não haverá sustentabilidade nem prosperidade sem paz.
"Os conflitos armados são uma afronta à racionalidade humana.
"Conhecemos os horrores e os sofrimentos produzidos por todas as guerras.
"A promoção de uma cultura de paz é um dever de todos nós. Construí-la requer persistência e vigilância.
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"A guerra da Ucrânia escancara nossa incapacidade coletiva de fazer prevalecer os propósitos e princípios da Carta da ONU.
"Não subestimamos as dificuldades para alcançar a paz.
"Mas nenhuma solução será duradoura se não for baseada no diálogo.
Obviamente, Lula evitou, em seu discurso, fazer acusações diretas à Rússia ou a quaisquer das partes do conflito, embora tenha se referido a membros (no plural) do Conselho de Segurança que violam a Carta da Nações Unidas.
Por quê?
Porque Lula sabe que isso, é claro, não contribui em nada para a busca paz. Ao contrário, impede o imprescindível diálogo. Observe-se que o Brasil condenou a invasão em diversas ocasiões.
Em contraste, Zelensky, definido pela mídia como a estrela do evento, além de não ter tocado adequadamente nos temas que interessam ao mundo, fez, como esperado, uma catilinária a favor da continuidade e do aprofundamento da guerra. Uma catilinária acompanhada, frise-se, por um plenário bastante esvaziado.
Dedicou o seu tempo a acusar a Rússia de toda sorte de crimes e a advertir que esse país é uma ameaça para o planeta inteiro, e que, portanto, precisa ser combatido até a sua derrota final. Custe o que custar.
Lá pelas tantas, perguntou:
Faz algum sentido reduzir as armas nucleares quando a Rússia está usando centrais nucleares como armas?
Não parece adequado pedir mais guerra e armas na Assembleia-Geral da ONU.
Reconheça-se que Zelensky falou na sua “proposta de paz”. Mas todo o mundo sabe que tal proposta exclui diálogo concreto com a Rússia. É uma proposta incompatível com uma paz real e duradoura.
Decepcionou. O mundo cansou da guerra.
Biden, por seu turno, fez um pronunciamento bastante chocho e claudicante. Uma decepção, como Zelensky.
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