Com a visita de Xi Ginping a Moscovo, Putin vê a ordem mundial anti EUA tomando forma. Assim diz o Washington Post. Segundo o jornal, para Vladimir Putin, a visita de Estado do presidente chinês, oferece um gigantesco impulso moral e uma hipótese de mostrar a nova ordem mundial na qual os Estados Unidos e a NATO não podem mais ditar ordens a ninguém.
A visita de Xi à Rússia, prepara o cenário para o confronto global, estando Pequim disposta a usar sua parceria com Moscovo para combater Washington. Resta saber se esse confronto vai aquecer, levando três potências nucleares à beira da Terceira Guerra Mundial, ou apenas marca os acordes da Guerra Fria 2.0. Mas a visita de Xi mostra a China, Rússia e Irão alinhando-se contra os EUA e aliados da NATO, numa uma competição por influência global e por alianças com nações como África do Sul e Arábia Saudita.
Num artigo publicado domingo no Diário do Povo da China, Putin falou sobre a amizade fraterna entre a Rússia e a China, que disse estar "ombro a ombro", inclusive contra a hegemonia ocidental. "Aderindo mais teimosamente do que nunca ao seu dogma obsoleto o “Ocidente Coletivo” aposta nos destinos de Estados e povos inteiros", escreveu Putin. "A política dos EUA de dissuadir simultaneamente a Rússia e a China, bem como todos aqueles que não se curvam ao dictat americano, está ficando cada vez mais feroz e agressiva." Também alertou que a NATO "procura penetrar na Ásia-Pacífico.
O resto do texto WP é mais dedicado aos propagandistas das TV que a uma análise séria. Fala em “invasão paralisada”, “baixas militares aumentando” “reputação pessoal manchada por um mandado de prisão por crimes de guerra emitido pelo Tribunal Penal Internacional” - que os EUA não reconhecem para eles próprios!
Fala também, “numa enfraquecida da Rússia que só pode atrofiar nos próximos anos, à medida que sua economia estagnar sob sanções, isolada da tecnologia global e das cadeias de suprimentos.” (!) Seria melhor olhar para dentro de casa a debater-se com uma mais uma crise económica, financeira e social que percorre o tal “ocidente coletivo”.
Mas há no texto do WP uma transparente inquietação: “a estratégia militar de Putin e a exibição da China e da Rússia como aliados contra os Estados Unidos também dará credibilidade às afirmações de Putin de que a guerra da Ucrânia é o cadinho pelo qual a Rússia está criando uma nova ordem mundial."
Um cadinho, que vai agregando outros países, e cujo suporte visível é a Declaração conjunta da Rússia e da China, que equivale a um tratado político e económico. Assim destacamos do ponto de vista político:
- A Rússia avalia positivamente a posição da China sobre a Ucrânia e a China avalia positivamente a prontidão da Rússia para iniciar negociações, acreditando que, para resolver a crise ucraniana, é necessário evitar o confronto de blocos e o incitamento ao conflito. Exortam a evitar-se a degradação da crise na Ucrânia e a sua transição "para uma fase incontrolável.
A
Rússia e a China:
-
estão preocupadas com as atividades militares-biológicas dos
Estados Unidos e exigem esclarecimentos sobre esta matéria.
-
pressionam
para que os EUA acelerem a eliminação de seu estoque de armas
químicas. - opõem-se
a todas as sanções unilaterais impostas contornando o Conselho de
Segurança da ONU.
-
estão
preocupadas com os riscos associados à criação da AUKUS e seus
planos de construir submarinos nucleares, apelando para que a AUKUS
cumpra rigorosamente as suas obrigações em matéria de não
proliferação de armas de destruição maciça.
-
insistem em que a NATO observe rigorosamente a natureza defensiva da
sua organização e respeite a soberania estrangeira
-
opõem-se à formação de "estruturas fechadas de blocos
exclusivos, políticas de bloco e campos opostos" na região da
Ásia-Pacífico.
-
estão preocupadas com a intensificação das atividades dos EUA no
domínio das armas de mísseis e apelam ao fim do enfraquecimento da
segurança internacional e são contra as tentativas de usar o espaço
para confronto armado e se oporão a tal atividade
-
os Estados Unidos devem tomar medidas concretas para dar resposta às
preocupações legítimas da RPDC e criar condições para o diálogo.
Do ponto de vista económico, é muito significativa a cooperação entre os dois países, perdendo significado a ligação ao “ocidente” e suas sanções. Assim a Rússia e a China:
-
reforçam a parceria abrangente no sector da energia e planeiam
promover a segurança energética mútua e global.
-
reforçarão a cooperação na agricultura para garantir a segurança
alimentar, alargarão
o acesso mútuo aos produtos agrícolas e reforçarão a cooperação
em matéria de investimento neste domínio.
-
visam a cooperação no domínio do abastecimento mutuamente benéfico
de bens básicos e recursos minerais.
-
expandirão
os intercâmbios científicos para garantir a liderança tecnológica
dos dois países
-
vão aumentar o nível de cooperação financeira e reforçar a
cooperação nos mercados financeiros
-
opõem à militarização da TI, são a favor da governança global
multilateral, igualitária e transparente da Internet.
(Em Intel Slava Z – Telegram em 21/03)
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