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24 de março de 2023

A Visita de Xi a Moscovo e a ordem mundial anti EUA tomando forma

 Com a visita de Xi Ginping a Moscovo, Putin vê a ordem mundial anti EUA tomando forma. Assim diz o Washington Post. Segundo o jornal, para Vladimir Putin, a visita de Estado do presidente chinês, oferece um gigantesco impulso moral e uma hipótese de mostrar a nova ordem mundial na qual os Estados Unidos e a NATO não podem mais ditar ordens a ninguém.

A visita de Xi à Rússia, prepara o cenário para o confronto global, estando Pequim disposta a usar sua parceria com Moscovo para combater Washington. Resta saber se esse confronto vai aquecer, levando três potências nucleares à beira da Terceira Guerra Mundial, ou apenas marca os acordes da Guerra Fria 2.0. Mas a visita de Xi mostra a China, Rússia e Irão alinhando-se contra os EUA e aliados da NATO, numa uma competição por influência global e por alianças com nações como África do Sul e Arábia Saudita.

Num artigo publicado domingo no Diário do Povo da China, Putin falou sobre a amizade fraterna entre a Rússia e a China, que disse estar "ombro a ombro", inclusive contra a hegemonia ocidental. "Aderindo mais teimosamente do que nunca ao seu dogma obsoleto o “Ocidente Coletivo” aposta nos destinos de Estados e povos inteiros", escreveu Putin. "A política dos EUA de dissuadir simultaneamente a Rússia e a China, bem como todos aqueles que não se curvam ao dictat americano, está ficando cada vez mais feroz e agressiva." Também alertou que a NATO "procura penetrar na Ásia-Pacífico.

O resto do texto WP é mais dedicado aos propagandistas das TV que a uma análise séria. Fala em “invasão paralisada”, “baixas militares aumentando” “reputação pessoal manchada por um mandado de prisão por crimes de guerra emitido pelo Tribunal Penal Internacional” -  que os EUA não reconhecem para eles próprios!

Fala também, “numa enfraquecida da Rússia que só pode atrofiar nos próximos anos, à medida que sua economia estagnar sob sanções, isolada da tecnologia global e das cadeias de suprimentos.” (!) Seria melhor olhar para dentro de casa a debater-se com uma mais uma crise económica, financeira e social que percorre o tal “ocidente coletivo”.

Mas há no texto do WP uma transparente inquietação: “a estratégia militar de Putin e a exibição da China e da Rússia como aliados contra os Estados Unidos também dará credibilidade às afirmações de Putin de que a guerra da Ucrânia é o cadinho pelo qual a Rússia está criando uma nova ordem mundial."

Um cadinho, que vai agregando outros países, e cujo suporte visível é a Declaração conjunta da Rússia e da China, que equivale a um tratado político e económico. Assim destacamos do ponto de vista político:

- A Rússia avalia positivamente a posição da China sobre a Ucrânia e a China avalia positivamente a prontidão da Rússia para iniciar negociações, acreditando que, para resolver a crise ucraniana, é necessário evitar o confronto de blocos e o incitamento ao conflito. Exortam a evitar-se a degradação da crise na Ucrânia e a sua transição "para uma fase incontrolável.

A Rússia e a China:

- estão preocupadas com as atividades militares-biológicas dos Estados Unidos e exigem esclarecimentos sobre esta matéria.
- pressionam para que os EUA acelerem a eliminação de seu estoque de armas químicas. - opõem-se a todas as sanções unilaterais impostas contornando o Conselho de Segurança da ONU.
- estão preocupadas com os riscos associados à criação da AUKUS e seus planos de construir submarinos nucleares, apelando para que a AUKUS cumpra rigorosamente as suas obrigações em matéria de não proliferação de armas de destruição maciça.
- insistem em que a NATO observe rigorosamente a natureza defensiva da sua organização e respeite a soberania estrangeira
- opõem-se à formação de "estruturas fechadas de blocos exclusivos, políticas de bloco e campos opostos" na região da Ásia-Pacífico.
- estão preocupadas com a intensificação das atividades dos EUA no domínio das armas de mísseis e apelam ao fim do enfraquecimento da segurança internacional e são contra as tentativas de usar o espaço para confronto armado e se oporão a tal atividade
- os Estados Unidos devem tomar medidas concretas para dar resposta às preocupações legítimas da RPDC e criar condições para o diálogo.

Do ponto de vista económico, é muito significativa a cooperação entre os dois países, perdendo significado a ligação ao “ocidente” e suas sanções. Assim a Rússia e a China:

- reforçam a parceria abrangente no sector da energia e planeiam promover a segurança energética mútua e global.
- reforçarão a cooperação na agricultura para garantir a segurança alimentar, alargarão o acesso mútuo aos produtos agrícolas e reforçarão a cooperação em matéria de investimento neste domínio.
- visam a cooperação no domínio do abastecimento mutuamente benéfico de bens básicos e recursos minerais.
- expandirão os intercâmbios científicos para garantir a liderança tecnológica dos dois países
- vão aumentar o nível de cooperação financeira e reforçar a cooperação nos mercados financeiros
- opõem à militarização da TI, são a favor da governança global multilateral, igualitária e transparente da Internet.

(Em Intel Slava Z – Telegram em 21/03)

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