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7 de março de 2023

Uma ilha chamada “Europa”

 A “Europa”, como gostam de se designar os países europeus da UE/NATO, foi pela cegueira dos seus dirigentes, assumidos vassalos dos EUA, transformada numa ilha.

Para além das sanções aplicadas a numerosos países, a destruição do Nord Stream 2 veio consagrar esta situação cortando a ligação a uma fonte de energia abundante, barata e fiável - apesar de sanções a Rússia garantia o cumprimento dos contratos.

A “Europa” praticamente sem as matérias-primas que mais necessita, isola-se dos seus vizinhos e outros países com os quais deveria estabelecer relações económicas privilegiadas e mutuamente vantajosas. É o resultado da sua total adesão às estratégias imperialistas e neocolonialistas, em obediência aos EUA e no interesse das suas oligarquias.

Exemplos desta estratégia suicida da dita “Europa” pode ser verificado nos casos da Líbia, um importante parceiro comercial levado ao caos, as relações tensas com a Argélia, as sanções ao Irão e Venezuela com o imbecil – que outro nome? - reconhecimento de um farsante político como Guiadó. A África, mantida na pobreza pela desenfreada exploração neocolonial dos monopólios transnacionais, aceita crescentemente a presença chinesa e russa, afastando-se da “Europa”. O euro, agarrado ao dólar perde com este relevância, com cada vez mais países desligados destas moedas e em que a China e a Rússia lideram alternativas para o comércio internacional sem o dólar.

O desprezo pela Rússia e pela sua segurança, nomeadamente pela proposta de Tratado em dezembro de 2021, conduziram a uma guerra em que a irrelevância política e militar da “Europa” é evidente, e para a qual a sua opinião ou interesses não contam.

Na situação atual esta “Europa”, não tem soluções para as crises económicas e sociais, em que se afunda, perdendo capacidade competitiva ao deixar de obter matérias-primas e sobretudo energia abundantes e baratas. Um crescimento económico significativo e a competitividade internacional, são assim miragens enquanto tenta lutar contra a inflação (uma das principais obrigações do BCE), a estagnação, a desindustrialização, parecendo ignorar o empobrecimento das populações.

Enquanto isto, um novo centro geostratégico estabelece-se centrado na China, Rússia e Irão (país rico em matérias-primas com 87 milhões de habitantes). O golpe final do isolamento e afundamento global da “Europa” estará no agravamento das relações que os EUA criam com a China, querendo transformar Taiwan numa outra Ucrânia. É neste contexto que o ato terrorista de destruição do Nord Stream “ assume particular relevância pelas imensas perdas económicas que acarretam.

Os media calaram-se sobre a destruição do Nord Steam 2 a partir do momento em que a tese mentecapta do atentado ter sido feito pela Rússia, perdia todo o sentido. A posição anti-imperialista que Jeffrey Sachs (1), disponível neste blog, assumiu no Conselho de Segurança da ONU, para discutir a destruição do Nord Stream 2, a pedido da Rússia, foi censurada pelos media! É nestas águas que a mentalidade dos menos esclarecidos navega. O simples bom senso é atacado com furor e a extrema-direita choca aí os seus ovos.

A destruição do Nord Steam 2 estava na agenda dos EUA como expresso por Victoria Nuland (a sra. do “fuck UE”) e mesmo Biden. Como o representante russo afirmou “os EUA colocam-se acima da lei, ou melhor, fingem ser a lei, o que, segundo eles, lhes dá o direito de interferir impunemente nos assuntos internos dos Estados, de realizar golpes inconstitucionais, de realizar ações agressivas contra Estados independentes, desde o fim da Guerra Fria, os Estados Unidos usaram suas forças armadas no exterior 251 vezes, de acordo com estimativas do Serviço de Pesquisa do Congresso dos EUA, para matar e torturar populações pacíficas em países terceiros, recusando-se a levar os perpetradores à justiça internacional, com seus aliados cantando em coro. Eles chamam isso de "ordem baseada em regras", regras definidas por eles mesmos.

O que também chama a atenção é o nível de cinismo e a sensação de total impunidade com que este crime sem precedentes foi cometido.”

Uma vez que estamos a falar de um crime cometido com um engenho explosivo, que o submete à Convenção Internacional para a Repressão dos Atentados Terroristas à Bomba, de 15 de Dezembro de 1997, esperamos que todos os Estados envolvidos no incidente, nomeadamente os Estados Unidos, a Noruega, a Dinamarca e a Suécia, cumpram as obrigações que lhes incumbem por força desse documento. Mas os líderes desses Estados não têm vontade política, ou melhor, nenhuma vontade política.”

Assim vai esta “Europa” assistindo impotente aos outros continentes afastarem-se das suas posições, alinhando no caos que o imperialismo espalha pelo mundo, assumindo parte da “ajuda” económica e militar à Ucrânia, um Estado totalmente falido, repressivo e corrupto, em que criminosos de guerra nazis ucranianos são transformados em heróis nacionais.

1 - Jefrey Sachs, economista neoliberal, um dos responsáveis pela expansão desta doutrina tão absurda como nefasta para os povos, como consultor da ONU tem-se afastado da ortodoxia nomeadamente nas questões do combate à pobreza, cancelamento das dívidas e ajuda aos países mais pobres.

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