Das redes sociais! Cap. Vasco Lourenço
Caros Associados
Junto reflexão pessoal sobre o caso do Navio-Patrulha "Mondego", tendo presente a minha experiência enquanto GML.
Cordiais Saudações de Abril
Vasco Lourenço
O
sucedido com a atitude de 13 militares da Armada, ao recusarem embarcar
no navio-patrulha “Mondego”, lembra-me o caso dos “29 Capitães, do
Curso de Actualização e Aperfeiçoamento para Capitães (CAAC)” passado na
Escola Prática de Infantaria (EPI) em Mafra, em Outubro/Novembro de
1977.
Não vou comentar a
diferença de tratamento público dado aos dois casos: enquanto em 1977
nada saiu nos jornais, neste caso do “Mondego” o tratamento nos órgãos
da comunicação social é totalmente diferente.
Sabemos
que os tempos são diferentes, vivemos numa luta desenfreada, dirigida
por populistas, com recursos financeiros pelos vistos inexpugnáveis,
onde a mentira, o escândalo e a especulação são o “pão nosso de cada
dia”.
Como resultado
disso, até assistimos a um idiota cobardolas (será mesmo anónimo ou não
passará de uma invenção de quem publicou essa notícia?) vir explanar a
ideia de que é o dedo do PCP que, através da Associação Nacional de
Sargentos, está por de trás da atitude dos marinheiros.
Pois se o navio a controlar até era um navio russo!
Que
melhor justificação queriam, para levar os marinheiros a um “acto de
insubordinação intolerável”, como o General Alfredo Cruz, ex. Comandante
Operacional dos Açores e do Centro de Operações conjunto da Nato
classificou a actuação desses 13 marinheiros?
Como
“comunistas empedernidos”, ou no mínimo ingénuos instrumentalizados,
podiam lá permitir que um navio do “país dos comunas” pudesse ser
controlado, ao passar ao largo da costa portuguesa!
Se
o ridículo matasse teríamos assistido a mais uns quantos assassinatos,
mas convenhamos que a asneira deveria ter limites. Mas, como podemos
constatar, não! Esses limites não existem…
Basta olhar para o título de uma noticia publicada num diário (CM): “Marinha deixa navio russo passar a 30 Km da Madeira”.
Um
leitor desprevenido concluirá que a Marinha tinha por missão impedir a
passagem do navio russo, mas que ao não cumprir a missão, terá permitido
a passagem do mesmo.
Disse que não iria comentar o “barulho” feito publicamente, mas já me alonguei mais do que o previsto. Por isso, fico por aqui.
Vejamos então o que me levou a comparar as duas situações, tão distintas no tempo.
Em
1977, após um curso de Capitães na EPI, onde estes foram enganados pelo
Estado Maior do Exército (EME) – a garantia de que o curso não teria
classificação não se verificou e os Capitães, com vários anos de Capitão
e desempenho de várias missões próprias do posto, frequentaram um curso
de actualização para Tenentes e viram o seu desempenho nesse curso
impropriamente e ao contrário do prometido, ser sujeito a uma
classificação – um novo curso de Capitães se iniciou, com a promessa do
EME, fortemente pressionado por mim enquanto Governador Militar de
Lisboa (GML) – de não se proceder a qualquer classificação.
No
entanto, os Capitães seriam colocados perante a obrigatoriedade de
serem sujeitos a um teste escrito, que os levou a decidirem realizar a
prova, mas não a assinarem.
Escândalo! O EME exigia sangue, exigia que os 29 Capitães fossem punidos disciplinar e exemplarmente!
Como
GML, responsável da disciplina nas respectivas unidades, pesando todos
os elementos, recusei a pressão do Chefe de Estado Maior (CEME), que me
exigia uma punição mínima de 3 dias de prisão disciplinar a cada
Capitão, e apliquei a cada um dos prevaricadores uma simples repreensão.
Tendo o cuidado de, através das atenuantes elencadas, ter transformado
essa repreensão num autêntico louvor aos oficiais punidos.
Acrescentando, no meu despacho, a referência aos oficiais do EME (com um
General à cabeça) que considerava os principais responsáveis pela
situação verificada, sugerindo que, dado eu não ter qualquer competência
disciplinar sobre eles, o CEME utilizasse a sua própria competência
para os punir.
Como
esperava, o que então afirmei pessoal e previamente ao CEME consumou-se:
ele não teve coragem, nem para punir os verdadeiros responsáveis, nem
para agravar a Repreensão que eu dera aos 29 Capitães…
Porquê este reviver do que se passou comigo em 1977?
É que assisto à repetição da situação, agora com contornos muito mais graves.
Perante
o conhecimento das circunstâncias da atitude dos 13 militares do
“Mondego” não tenho quaisquer dúvidas – aqui, porque sou dos que por
vezes tem dúvidas e também se engana – de que a responsabilidade maior
do sucedido não pertence aos 13 militares, mas sim a quem – e serão
muitos e diversos, não apenas militares mas também responsáveis
políticos – que criaram, ou deixaram criar, as condições que forçaram
esses militares a assumir uma atitude que se apreciada liminarmente, tem
de ser considerada indisciplinada.
Daí
que aqui deixe um apelo: Não espero – seria uma enorme surpresa se isso
acontecesse – que os principais responsáveis, políticos e militares,
sejam punidos pelas suas acções que criaram as condições para a atitude
de indisciplina dos 13 militares do “Mondego”!
Mas
tenho esperança que os responsáveis pela aplicação da disciplina no
navio-patrulha “Mondego” saibam compreender que o gesto desses militares
tem tais atenuantes que não pode ser visto como uma “grave e
intolerável insubordinação”. As atenuantes são tão fortes que, podendo
não apagar totalmente o acto de indisciplina, justificam plenamente que o
mesmo seja resolvido com uma simples Repreensão.
Por
mim, passados estes 46 anos, confesso que mantenho a mágoa de não ter
tido a lucidez e a coragem de pura e simplesmente, não ter sequer
repreendido os 29 Capitães (alguns estavam e continuam a estar entre os
melhores amigos).
2 do Facebook de C. Fino
OPERAÇÃO SECRETA DOS KENNEDY NA SICÍLIA
por Seymour Hersh
Imagem: Robert F. Kennedy. / Foto da Biblioteca LBJ.
Eu
e outros escrevemos sobre a brecha que cresceu entre Jack e Bobby
Kennedy e os agentes secretos da Agência Central de Inteligência sobre
as repetidas exigências dos Kennedy de que a agência encontrasse uma
maneira de assassinar Fidel Castro. O líder comunista de Cuba esteva na
mira dos irmãos antes e depois de sobreviver à fracassada invasão da
Baía dos Porcos, em abril de 1961.
Os Kennedys eram os queridinhos da media, apesar desse fracasso.
Richard
Helms, chefe das operações secretas da agência, e sua equipa imediata
entenderam que não havia como recusar a missão. Eles tiveram que
continuar tentando livrar-se de Castro - e continuaram tentando - até
que o assassinato do presidente em 22 de novembro de 1963 os libertou da
tarefa. Disseram-me que a noite do assassinato de Kennedy foi uma noite
de bebedeira e comemoração para alguns dos operadores clandestinos da
agência.
Não entendi
completamente a profundidade da raiva da CIA contra os irmãos Kennedy
até começar a conversar com Sam Halpern, um assessor sénior aposentado
de Helms. Halpern era conhecido como um guardião de segredos que sabia
manter a boca fechada.
Sammy
era muito antiquado: a única razão pela qual ele falava com um repórter
era para espalhar uma mentira. Dizia-se que ele sabia o nome de todos
os funcionários do governo estrangeiro recrutados pela CIA e quanto eles
recebiam anualmente. Se essa informação não estava em sua cabeça, então
estava em um livro negro mítico que alguns acreditavam que ele
carregava constantemente consigo.
Halpern
não era falador e não era meu amigo, para dizer o mínimo, mesmo na
década de 1990, por causa de minhas reportagens para o New York Times e o
New Yorker sobre operações secretas que incluíam a revelação explosiva
de um livro de horrores da CIA... conhecido internamente como Family
Jewels - que era mantido pela agência.
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