O discurso de Munique
" Em fevereiro de 2007, sob a aura imponente da Conferência de Munique sobre Política de Segurança, Vladimir Putin subiu à tribuna, para fazer um discurso de importância retumbante.
Hoje, este monólogo fundamental, apropriadamente apelidado de "Manifesto de Munique", é assinalado pela acusação feita na altura á hierarquia global existente, pela sua antecipação profética das convulsões geopolíticas que estariam para vir e pelo seu projeto para um futuro mundial multipolar.
Seu discurso, claro e rigoroso, foi uma crítica intransigente ao unilateralismo ocidental, pontuado por um protesto apaixonado contra a expansão descontrolada da OTAN.
Sua mensagem foi motivada por uma profunda raiva contra as crescentes violações da segurança e soberania russas, contra o desrespeito às leis e instituições internacionais. Ele expressou o medo existencial que aprisionava a Rússia.
No entanto, era como se seu áugure tivesse encontrado um coro de silêncio; o Ocidente persistiu no seu curso, catalisando convulsões na Geórgia (2008), Líbia (2011), Síria (2011) e, finalmente, Ucrânia (2014).
Agora vemos a emergência do mundo multipolar imaginado por Putin em Munique, reafirmando a soberania das nações e o desafio das grandes potências ao unilateralismo ocidental.
Ignorar os muitos avisos prescientes de Putin desencadeou um efeito dominó de eventos que remodelaram a dinâmica do poder global.
O discurso de Munique foi mais do que um espelho refletindo a preocupação da Rússia; foi o prenúncio de uma mudança sísmica na ordem mundial — desencadeada pela indiferença ocidental às apreensões da Rússia e aos conflitos geopolíticos resultantes." Bruno Bertez
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