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4 de julho de 2023

Suprimir a história para impedir a compreensão - 1

Uma versão para público infantilizado diz que o conflito na Ucrânia começou quando, em fevereiro de 2022, Vladimir Putin acordou e decidiu invadir aquele país. Não havia outra causa, que não fosse uma agressão russa não provocada contra um país inocente. Joe Lauria, editor-chefe do Consortium News. ex-correspondente da ONU para o Wall Street Journal, Boston Globe e outros jornais, mostra como a história nos esclarece sobre o que agora ocorre.

- Segunda Guerra Mundial – Fascistas nacionais ucranianos, liderados por Stepan Bandera, aliados aos alemães, massacram mais de cem milhares de judeus e polacos.

- Décadas 1950 a 1990 – A CIA levou fascistas ucranianos para os EUA e trabalhou com  eles contra a União Soviética na Ucrânia, realizando operações de sabotagem e propaganda. O líder fascista ucraniano Mykola Lebed foi levado para Nova York, onde trabalhou com a CIA pelo menos até a década de 1960 e ainda útil até 1991. A evidência está num relatório dos EUA (pág. 82 e seguintes)

- Novembro 1990 - A Carta de Paris para uma Nova Europa é adotada pelos EUA, UE e União Soviética. A Carta baseia-se nos Acordos de Helsínquia atualizada na Carta da Segurança Europeia de 1999. Estes documentos são a base da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa . A carta da OSCE diz que nenhum país ou bloco pode preservar sua própria segurança às custas de outro país.

- 25 de dezembro de 1991 - a União Soviética entra em colapso. Wall Street e Washington tratam de despojar o país de propriedades anteriormente estatais, ajudam a criar oligarcas e empobrecer os povos russos, ucranianos e outros ex-soviéticos.

- Década de 1990 - EUA renegam promessa a Gorbachev de não expandir a NATO para o Leste Europeu em troca de uma Alemanha unificada. O senador Joe Biden, que apoia o alargamento da NATO, prevê que a Rússia reagirá de forma hostil.

- 1997 - Zbigniew Brzezinski, ex-conselheiro de segurança nacional dos EUA, no seu livro, The Grand Chessboard: American Primacy and Its Geostrategic Imperatives, escreve: "A Ucrânia é um espaço novo e importante no tabuleiro de xadrez euroasiático, um pivô geopolítico porque sua própria existência como país independente ajuda a transformar a Rússia. Sem a Ucrânia, a Rússia deixa de ser um império euroasiático. Ainda pode lutar pelo status imperial, mas se tornaria um Estado predominantemente asiático."

- janeiro 1999 - Após oito anos de domínio dos EUA e de Wall Street, Vladimir Putin torna-se presidente da Rússia. Putin começa a fechar a porta aos interlocutores ocidentais, restaurando a soberania russa. Este processo não ocorre na Ucrânia, que continua sujeita à exploração ocidental e ao empobrecimento do povo ucraniano.

- 10 de fevereiro de 2007 - Putin faz seu discurso na Conferência de Segurança de Munique, no qual condena o unilateralismo agressivo dos EUA, incluindo a invasão ilegal do Iraque em 2003 e a expansão da NATO para o leste. "Temos o direito de perguntar: contra quem se destina esta expansão? E o que aconteceu com as garantias que os nossos parceiros ocidentais deram após a dissolução do Pacto de Varsóvia? Onde estão essas declarações hoje? Ninguém se lembra delas."

Os Estados Bálticos, que fazem fronteira com a Rússia, aderem à NATO. O ocidente humilha Putin e a Rússia ignorando suas preocupações. Um ano após seu discurso, a NATO diz que Ucrânia e Geórgia se tornarão membros. Outros quatro ex-Estados do Pacto de Varsóvia aderem em 2009.

- 2004-5 - Revolução Laranja. Os resultados das eleições são anulados, dando a presidência numa segunda volta a Viktor Yuschenko, alinhado aos EUA, sobre Viktor Yanukovich. Yuschenko faz do líder fascista Bandera um "herói da Ucrânia".

- 3 de abril de 2008: Numa conferência da NATO em Bucareste, uma declaração "saúda as aspirações euro-atlânticas da Ucrânia e da Geórgia para a adesãoà NATO. A Rússia opõe-se duramente. William Burns, embaixador dos EUA na Rússia, atualmente diretor da CIA, avisa Washington num telegrama , revelado pelo WikiLeaks, que o ministro Lavrov e outros altos funcionários reiteraram forte oposição, enfatizando que a Rússia veria uma maior expansão para o leste como uma potencial ameaça militar. O alargamento da NATO, em particular à Ucrânia, continua a ser uma questão "emocional e nevrálgica" para a Rússia, mas também considerações estratégicas. Na Ucrânia, a questão pode dividir o país em dois, levando à violência ou até, a uma guerra civil, o que forçaria a Rússia a decidir se intervém. Lavrov enfatizou que a Rússia vê a expansão contínua da OTAN para leste, particularmente para a Ucrânia e a Geórgia, como uma potencial ameaça militar.

- Uma crise na Geórgia irrompe quatro meses depois, levando a uma breve guerra com a Rússia. Um relatório de uma comissão da UE culpou a Geórgia pela guerra, mas disse que a resposta militar de Moscovo ultrapassou os limites razoáveis e violou o direito internacional.

- novembro de 2009 - A Rússia busca um novo acordo de segurança na Europa, para segundo o texto atualizar os arranjos da época da Guerra Fria.

- 2010: Viktor Yanukovich é eleito presidente da Ucrânia numa eleição livre e justa, de acordo com a OSCE.

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