A "Decisão do Comité Central do PCC sobre o aprofundamento abrangente das reformas para promover a modernização chinesa” é uma dissertação ao estilo do PCC, em que os detalhes das medidas económicas e políticas são explicados em termos quase didáticos, associando imagens e metáforas.
A “Decisão” propõe que o aprofundamento das reformas deve implementar os “seis princípios”: "aderir à liderança geral do partido, aderir à abordagem centrada nas pessoas, aderir ao princípio de manter a integridade e promover a inovação, aderir à construção do sistema socialista como a linha principal, aderir ao estado de direito abrangente e aderir a uma abordagem sistemática.”
As elites, quintas colunas e sinófobos do Ocidente excitaram-se com a desaceleração da economia chinesa, paralelamente à guerra de contenção da China que emana de Washington. Porém os factos são: o PIB da China cresceu cerca de 5% no primeiro semestre; e o comunicado final da reunião plenária, enfatizou que essa permanece a meta “inabalável” para o segundo semestre. O comunicado insiste na necessidade de “corrigir as falhas do mercado”, mantendo o “apoio e orientação para o desenvolvimento do “setor não-estatal”, garantindo que “todas as formas de propriedade na economia concorram de forma justa e legal em pé de igualdade”.
O que importa para o PCC é como cumprir as metas económicas, sociais, ambientais e geopolíticas estabelecidas para os próximos cinco anos. Cabe aos mercados adaptarem-se a isso. Para Pequim, essas são questões muito sérias de segurança nacional – que vão desde a repressão à lavagem de dinheiro até a prevenção de que "quintas colunas" lancem uma revolução colorida como a que quase destruiu Hong Kong em 2019.
Foi estabelecido o objetivo de aumentar o PIB per capita para igualá-lo ao do Ocidente até 2035, em torno dos 30 000 dólares, em 2023 foi de 12 300. Portanto, o investimento estrangeiro continuará a ser bem-vindo na China, seja por meio de Hong Kong ou não. Mas em todas as frentes, o que prevalece é a segurança nacional.
Entre outros exemplos, destaca-se o desenvolvimento tecnológico da IA na indústria automóvel conseguindo produzir um veículo elétrico por 9 000 dólares, com automação completa e obter lucro. A China é líder global em veículos elétricos (estando a construir fábricas no Brasil, Tailândia, Turquia e Hungria) - energia solar, drones, infraestrutura de telecomunicações (Huawei, ZTE), aço, construção naval e, em breve, também em semicondutores graças às sanções dos Estados Unidos.
Enquanto os EUA gastaram pelo menos 7 milhões de milhões de dólares – e continuam gastando – em guerras eternas que não podem ser vencidas, a China está a investir 1 milhão de milhões de dólares numa série de projetos da Iniciativa Cinturão e Rota (BRI) em todo o Sul Global: a ênfase são os corredores de transporte e conectividade digital. Imperativos socioeconómicos entrelaçados com a crescente influência geopolítica.
Deixando de lado a histeria hegemónica, a economia chinesa crescerá em 2024 uns incríveis 1,7 milhões de milhões de dólares. Pequim pediu emprestados exatamente zero yuan para esse crescimento. A economia dos EUA, em comparação, pode crescer 300 mil milhões de dólares em 2024, mas Washington teve de pedir emprestado 3,3 milhões de milhões de dólares para que isso acontecesse.
O comércio externo da China cresceu 6,1%, com um excedente comercial 85 mil milhões, mais 12% em relação a 2023. O comércio com a ASEAN aumentou 10,5%, a China é o principal parceiro comercial dos países da ASEAN. A China teve uma safra recorde de 150 milhões de toneladas de cereais. As patentes de invenção aumentaram 43%, chegando a 524 000. A China é o primeiro país com 4 milhões de patentes de invenção domésticas em vigor. A China tem 47% dos maiores talentos em IA do mundo, tendo adicionado 2 000 cursos de IA nas escolas e faculdades desde 2019. Em relação a instituições de classe mundial líderes em pesquisa, 7 em cada 10 são chinesas, incluindo a principal: a Academia Chinesa de Ciências, à frente de Harvard.
Os “especialistas” em China acreditam nas suas próprias fantasias de que os EUA, aliados ao Japão, à Alemanha e à Coreia do Sul, seriam capazes de igualar e superar a atração do Sul Global pela China, porque têm (pensam ter) mais recursos e mais capital. Um absurdo. O século XXI está sendo moldado para se tornar o século asiático, eurasiático e chinês.
Fonte: A China projeta o roteiro econômico até 2029 e A China alcançou a velocidade de escape: agora ela é imparável, de Pepe Escobar
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