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10 de agosto de 2024

Para quê o ataque ucraniano a Kursk

 Embora no Donetsk as FAR continuem a avançar e a tomar povoações, não podemos ignorar que em países da NATO dezenas de milhar de efetivos ucranianos foram e continuam a ser intensamente treinados, não tendo nada que ver com soldados mal equipados e desmotivados, que lutam para sobreviver, rigorosamente vigiados do seu lado para não terem hipótese de se renderam. A incursão na província de Kursk, foi sobretudo uma manobra de propaganda - ao estilo do que os nazis faziam quando a guerra estava mais que perdida. Ao fim de quatro dias, segundo a Rússia, o território está a ser limpo das forças ucranianas restantes: a situação está sob o máximo controlo das FAR.

O articulista Moon of Alabama apresenta algumas versões dadas sobre esta incursão ucraniana e também a sua visão dos acontecimentos. O ataque em direção ao oblast de Kursk, envolveu duas ou três brigadas ucranianas que avançaram cerca de 5 km, mas imediatamente sofreram pesadas perdas de vidas e equipamentos devido à reação da Força Aérea Russa. Acabaram por se entrincheirar e tentaram expandir suas posições para Sudzha (onde ainda havia confrontos nos arredores. (Intel Slava Z – Telegrama 10/08).

Trata-se de um óbvio desperdício de homens e recursos. A operação ucraniana faz pouco sentido, a Rússia tem muitas forças na região, nem precisou parar seus ataques no Donetsk: a situação na direção de Pokrovsk é crítica, as defesas de várias áreas entraram em colapso e ainda precisam se estabilizar, devido à falta de pessoal. Desviar uma ou duas brigadas para um ataque estrategicamente insignificante beira a incapacidade mental.

Para Moon of Alabama, fundamentalmente o ataque a Kursk foi projetado para que a guerra continue.

- A Rússia precisará de uma mobilização geral? A mobilização na Rússia levaria à desestabilização da Rússia? O governo do presidente Putin cairia por causa disso? O exército ucraniano está em boa forma?  O tempo está do lado da Ucrânia na guerra?

A resposta a cada uma dessas perguntas é decisivamente: "não".

Existem muitas opiniões sobre os objetivos da liderança ucraniana. (1) A Ucrânia nada disse sobre os objetivos da ação. As teorias são abundantes, desde uma tentativa de tomar território como moeda de troca em futuras negociações, até uma tática destinada a aliviar a pressão sobre as defesas sob pressão na Ucrânia, afastando as forças russas da linha de frente.

Segundo a Bloomberg o ataque foi lançado para desequilibrar a Rússia, mostrando fragilidades nas suas defesas fronteiriças; elevar o moral dos ucranianos e abalar a imagem de Putin como um protetor dos russos, mostrando que a guerra que ele desencadeou na Ucrânia espalha-se para a Rússia, onde nas regiões fronteiriças as pessoas vivem sob risco constante e ataques a instalações industriais.

Fortalece o argumento de que os aliados dos EUA e da UE/NATO não devem temer ameaças do Kremlin e que Kiev deve ter permissão para lutar contra Putin da maneira que julgar mais apropriada para acelerar o fim da guerra.
Outras razões são apresentadas. A verdadeira estratégia de Kiev (/NATO) é diferente: travar uma longa guerra na esperança de desestabilizar a Rússia e convencer os parceiros ocidentais (incluindo os mais céticos como Trump) de que isso não é um sonho, mas um cálculo real. Portanto, a Ucrânia não deve ser pressionada a negociar, mas devem ser dadas mais armas e as restrições aos mísseis devem ser suspensas. A ofensiva teria aparentemente a intenção de provar isso ao Ocidente.

Numa entrevista, o chefe do gabinete de Zelensky e seu mentor, Andrey Yermak, confirma esta visão. Yermak não vê interesse em negociações diretas com a Rússia, procurando convencer os apoiantes da Ucrânia de que a Ucrânia pode vencer. Yermak, "acha muito importante que nos EUA ambos os candidatos tenham um plano para a vitória da Ucrânia".

O plano dos que estão mais ligados a Kiev, não é negociar, mas prolongar a guerra e convencer o Ocidente a continuar financiando-a. Isso teria a vantagem de transferir mais milhares de milhões de dólares para os bolsos do clã de Kiev, em primeiro lugar recebidos por Zelensky e Yermak.

1 - A "liderança ucraniana" é apenas um reflexo das políticas do Partido Democrático dos EUA e do envolvimento dos mais excitados da UE/NATO e dos serviços secretos do RU, que necessitam apresentar algum tipo de êxito para manter o seu estatuto. Não aparecendo como "loosers". As motivações pessoais não são de excluir.

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