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20 de agosto de 2024

EUA: uma "economia de sucesso"

Um dos papagaios mediáticos falava há tempos - a taxa de sobrevivência desta espécie é impressionante - no capitalismo como a economia de sucesso, opondo-o ao socialismo, embora não explicasse o que entendia pela palavra.

Será que esquecendo o colonialismo, o neocolonialismo, a exploração imperialista nas suas diversas formas, o capitalismo é uma economia de sucesso? Não. Mesmo com as situações atrás apontadas, só houve algum sucesso em capitalismo quando se viu obrigado a ceder perante movimentos sindicais fortes e partidos marxistas influenciando toda a sociedade, obrigando as social-democracias a alinharem mesmo que parcialmente na intervenção social e económica do Estado em benefício dos trabalhadores. Mas isto acabou, em 1990 quando os "perestroikos" decidiram que os EUA deviam liderar o mundo inteiro.

Vale a pena ver então o que aconteceu à tal economia de sucesso no país capitalista líder. Mas líder em quê? Em tudo. É portanto o capitalismo no seu melhor: a economia dos EUA. Entre 1990 e 2000, o PIB cresceu 87%; entre 2000 e 2024 cresceu quase 2 vezes, 175%. Os EUA têm o PIB mais elevado do mundo, 28,6 milhões de milhões de dólares, 85 mil dólares por habitante. Como temos obrigação de saber - dizem isto a toda a hora - é preciso "dar incentivos aos investidores" e reduzir os impostos ao capital para criar riqueza e emprego. É o que os EUA dando o exemplo fazem. Segundo a Forbes 400 2023 os 400 mais ricos dispõem de 4,5 milhões de milhões, com os 10 mais ricos com 1,3 milhões de milhões de dólares.

Mas os êxitos não se limitam a isto. Enquanto prosseguia a política de redução de impostos aos ultraricos, a proposta para o orçamento de 2020, apresentava uma redução de 9% dos apoios sociais aos que vivem na pobreza e um aumento de 5% para o orçamento da defesa.

Os papagaios mediáticos - à semelhança da simpática ave, às vezes importuna - repetem o que lhes dão a ouvir, o pior é que decorando uma narrativa, recusam-se a ouvir o que se afaste do que fixaram. De forma que a explicação é que o sistema é perfeito e se pobres é porque fizeram más escolhas. É a conversa da liberdade de escolha, válida apenas para quem não vive no reino da necessidade e insegurança (Engels). Sendo assim, vale a pena ver um pouco mais além das aparências: “O problema económico fundamental sem cujo estudo é impossível compreender alguma coisa quando se trata de emitir uma opinião sobre a política atual: o problema económico do imperialismo.” (Lenine, O imperialismo fase superior do capitalismo. Prólogo)

Em 1990 a Dívida Federal era de 3,4 milhões de milhões de dólares. Em 2000, 23,3 milhões de milhões, em 2024, 35,1 milhões de milhões. É caso para pensar, que raio de economia é esta em que o PIB cresce 5,3 milhões de milhões (23,3 para 28,6 milhões de milhões), mas a divida total (pública, empresas e cidadãos) aumenta 18,8 milhões de milhões, ao passar de 82,7 para 101,5 milhões de milhões de dólares!

Mas as maravilhas do sucesso da "economia liberal" não param aqui. Em que é que enriquecimento dos mais ricos ajudou a economia? Os papagaios não se excitem com o PIB: os EUA deixaram de produzir riqueza real. Os défices da BC crescem constantemente, atingindo em 2024, 1,1 milhões de milhões de dólares. Em 1960 a indústria representava 25% do PIB, em 2020 uns escassos 11%.

A população, em termos líquidos é pobre: a dívida pessoal por cidadão era em 2000, 31 360 dólares, em 2024, 76 000. A pobreza subiu de 30 milhões em 2020, para 44 milhões em 2024, com 41,4 milhões recebendo assistência alimentar. O número de sem abrigo é estimado ser superior a 616 mil. O desemprego real passou de 9,4 para 13,1 milhões, com 27,1 milhões em part-time. Citemos contudo mais um sucesso capitalista: os juros líquidos recebidos pelos bancos foram num ano 855,4 mil milhões de dólares (apenas...).

Esta é a economia dos EUA para além da propaganda. Vive do endividamento coletivo, protegida pelo FMI e pela agências de notação financeira. Os impérios custam caro e na fase de declínio custam mais do que rendem: as suas despesas militares ascendem a quase 1 milhão de milhões de dólares. Assim, o déficit orçamental dos EUA durante a presidência de Biden acumulou 6,6 milhões de milhões de dólares... (Geopolítica ao vivo – Telegram 18/08)

Mas há mais sucessos nesta economia...

Dados de U.S. National Debt Clock : Real Time (usdebtclock.org)

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