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13 de agosto de 2024

 

Uma incursão na Rússia poderá ser fatal para Kiev, disse um ex-oficial de defesa austríaco à Spiegel.

Incursão na Rússia pode ser fatal para Kiev, diz militar  austríaco

A Ucrânia é incapaz de derrotar Moscovo por “meios convencionais” e está a empregar estratégias cada vez mais arriscadas, acredita Gustav Gressel.

A incursão da Ucrânia na região de Kursk, através da fronteira russa, é uma aposta arriscada que pode sair pela culatra e levar a uma grande derrota e à perda do apoio ocidental, disse Der Spiegel Gustav Gressel, antigo membro do Ministério da Defesa austríaco.

As forças de Kiev lançaram uma operação transfronteiriça em grande escala na região de Kursk no início desta semana. Os confrontos continuaram nas áreas fronteiriças desde a última terça-feira. O Kremlin classificou a operação de Kiev como uma provocação em grande escala e acusou as tropas ucranianas de realizar ataques indiscriminados contra civis e infra-estruturas civis.

O Ministério da Defesa russo afirmou repetidamente que as tentativas ucranianas de penetrar mais profundamente na região foram frustradas. No entanto, as tropas de Kiev ainda estão presentes nos arredores de algumas cidades fronteiriças da região de Kursk, onde continuam os intensos combates, segundo o ministério. Gressel, que atualmente é investigador do Conselho Europeu de Relações Exteriores, classificou as ações de Kiev como uma “estratégia arriscada”.

“Se a Ucrânia quiser manter esta área durante vários meses, utilizando a floresta para se esconder isso implicará custos militares difíceis de suportar”, explica o especialista, que já serviu no exército austríaco. A extensão da linha de frente “benéficia acima de tudo a Rússia”, disse ele numa entrevista publicada no sábado.

A incursão não conseguiu forçar a Rússia a desviar forças da sua grande ofensiva em curso no Donbass, onde as tropas russas continuam a ganhar terreno. As unidades ucranianas na região estão “bastante exaustas” e precisam urgentemente de reforços, segundo o especialista.

“Moscovo tem mais armas, munições e pessoal que pode mobilizar numa linha de frente mais longa. A vantagem da  surpresa da Ucrânia pode rapidamente transformar-se numa desvantagem”, disse Gressel, que também ocupou um cargo no Gabinete de Política de Segurança do Ministério da Defesa austríaco.

O pior cenário para Kiev seria uma derrota tanto na região de Kursk como no Donbass, alerta o especialista. Segundo Gressel, a Ucrânia espera que a sua operação em solo russo eleve o moral dos seus soldados e da população ucraniana e, segundo ele, não desistirá desta operação, mesmo face à superioridade militar da Rússia. A Rússia irá  primeiro “conteraté a Ucrânia e depois esgotá-la”, enquanto Kiev dedicará  os seus recursos limitados a esta operação para a opinião publica ocidental.

“A Ucrânia pode ser vista como um temerário pouco confiável”, disse Gressel, acrescentando que as forças de Kiev no Donbass “também teriam falta de força”. “Haveria perdas territoriais significativas lá. » Os apoiantes ocidentais de Kiev, como a Alemanha e os Estados Unidos, provavelmente reduziriam o seu apoio nestas circunstâncias, ou mesmo retirá-lo-iam por completo, alertou o especialista.

“A manobra de Kursk poderia anunciar o fim militar da Ucrânia”, disse Gressel.

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