POLÍTICA E MATEMÁTICA NO GUIÃO VENEZUELANO
Rui Pereira ( facebook)
Com
variações de circunstância e de tecnologia (e.g. ataque cibernético ao
Conselho Eleitoral), a técnica do golpe de Estado, é pouco imaginativa
na sua versão Caracas/Corina, como na sua anterior versão
Caracas/Guaidó, como nas suas múltiplas versões contra o poder em Havana
desde há décadas e décadas e, na realidade, um pouco por todo o mundo
dito das “relações internacionais baseadas em regras”.
À
medida que se vão ouvindo os lados da disputa e, sobretudo, conhecendo
detalhes da operação de golpe de Estado na Venezuela, percebe-se o
embuste, mesmo apesar das acusações cruzadas a seu respeito ou das
dúvidas que possam emergir acerca do poder venezuelano e das certezas
que se podem ter acerca do seu "opositor" (ver https://estatuadesal.com/2024/ 08/03/candidato-derrotado-na- venezuela-foi-operacional-da- cia-na-operacao-condor-em-el- salvador/).
Percebe-se
o modelo “internacional” em que um conjunto de países começa por
declarar a “fraude” eleitoral (o creditadíssimo argentino Milei joga
aqui a ponta de lança), enquanto os Estados Unidos adotam uma “posição
expectante supra partes”, para, dias mais tarde, como Blinken acaba de
fazer declarando a vitória da “Oposição”, descerem do seu Olimpo
julgador e, “imparcialmente” proclamarem a Voz da América enquanto Voz
da Razão e da Verdade Última (https://www.bbc.com/ portuguese/articles/ cn070v1ykemo).
No
“terreno” desencadeiam-se, entretanto, todas as ações violentas
possíveis, de modo a aparentar um caos pré-insurreccional que legitime a
“intervenção no país “da Organização dos Estados Americanos” solicitada
pela “Oposição”. Atinge-se, então e a partir daqui, o ponto em que
conjugadamente todos os satélites e antenas podem proclamar a derrota de
Maduro (Blinken dixit). Ainda que a partir de dados como estes, sobre
as (supostas) Atas Eleitorais apresentadas pela “Oposição” tão
manifestamente forjadas quanto este exemplo, fornecido pelo presidente
do parlamento em Caracas. Transcrevo um pequeno excerto, com a
demonstração gráfica na imagem abaixo em que um algoritmo atribui, “num
padrão matematicamente impossível” e de forma invariante as mesmas
percentagens de votos a cada candidato, independentemente dos locais e
das mesas eleitorais (ver https://misionverdad.com/ venezuela/se-confirma-el- fraude-de-las-actas- divulgadas-por-la-oposicion):
“Números y porcentajes fabricados
[…]
la oposición expuso datos porcentuales manipulados para proyectar que
Edmundo González habría obtenido 63% de los votos, mientras que Nicolás
Maduro solo 30%.
Los "datos" divulgados por la
oposición se basaron en cifras distorsionadas del Registro Electoral
Permanente (REP) en cada entidad, donde se adjudicaron "resultados" en
votos para cada candidato para luego decidir arbitrariamente qué
porcentaje tendría cada uno.
En consecuencia, el
mapa electoral publicado por la oposición presenta "resultados" ya no
similares, sino idénticos, en los 23 estados y los 335 municipios del
país, lo cual es un patrón "matemáticamente imposible", afirmó
Rodríguez, acorde a las realidades territoriales, culturales,
demográficas y según los historiales electorales.
Esto
sugiere que, por ejemplo, el comportamiento de los electores fue
idéntico en todos los municipios, independientemente de las tendencias
precedentes. Es decir, que de acuerdo con esto, el chavismo logró en el
municipio Chacao del estado Miranda —históricamente el más rico y
opositor del país— un resultado idéntico al que obtuvo en el municipio
Planas del estado Lara, donde el chavismo siempre ha ganado con
contundencia”.
Quem tiver consciência e memória do
sucedido em 1975 com a intervenção “ocidental”, chefiada in situ pela
embaixada norte-americana de Frank Carlucci em Lisboa ou algum
conhecimento de arquivos secretos dos Estados Unidos sobre o assunto
entretanto desclassificados e de alguma literatura intencionalmente
esquecida, produzida por diferentes dos envolvidos no golpe então
desencadeado contra o ensaio revolucionário em curso (por todos, ver Rui
Mateus, https://resistir.info/livros/ contos_proibidos_rui_mateus. pdf),
reconhece com facilidade o que está a acontecer em Caracas (onde nem os
assaltos e incêndios contra sedes partidárias de Maduro faltam), como o
que nunca deixou de acontecer um pouco por toda a América Latina ou em
Tbilissi, em Kiev bem como entre nós, faz agora meio século.
Sem comentários:
Enviar um comentário